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Denúncias na Tribuna da Câmara escancaram caos na saúde pública de Palmeira dos Índios: falta de atendimento, transporte e direitos básicos; veja vídeo

Redação – Tribuna do Sertão 14/08/2025
Denúncias na Tribuna da Câmara escancaram caos na saúde pública de Palmeira dos Índios: falta de atendimento, transporte e direitos básicos; veja vídeo

A 19ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Palmeira dos Índios, realizada em 13 de agosto de 2025, foi marcada por um duro retrato do colapso da saúde pública no município. As denúncias, feitas pela munícipe e estudante de enfermagem Jéssica, expuseram falhas graves no atendimento odontológico, no transporte de pacientes e na operação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Tratamento odontológico negado: risco de perder dentes e a vida


Jéssica iniciou seu relato apontando a falta de atendimento para tratamentos de canal em molares e pré-molares. Embora haja material e profissionais, o procedimento é negado por falta de um aparelho rotatório, obrigando pacientes a pagar por atendimentos particulares.

“A gente não é obrigado a ficar banguelo. Uma bactéria de um dente pode matar”, afirmou, revelando que já levou o caso ao Ministério Público.

O vereador Jânio Marques, ex-secretário de Saúde, reconheceu que o problema persiste desde sua gestão e defendeu que a prefeitura torne públicos os dados sobre o serviço.

Transporte de pacientes: cirurgias e consultas perdidas


Outro ponto crítico foi o transporte para tratamento médico. Mães de crianças autistas, como a própria denunciante, são obrigadas a levá-las de moto, colocando-as em risco. A van do Centro de Reabilitação (CREDEFIP), doada para cadeirantes, não atende outras demandas, gerando um impasse com a APAE e acionamento do Ministério Público.

A redução no tamanho dos micro-ônibus que levam pacientes a Maceió tem causado perda de cirurgias e consultas especializadas, atingindo pacientes oncológicos, não oncológicos e acompanhantes de autistas. Crianças com microcefalia perderam acompanhamento de geneticista em Recife desde 2021 pela falta de transporte.

A crise também atinge universitários de Arapiraca, que enfrentam fila de espera de mais de 80 pessoas. Vereadores afirmaram ter alertado a prefeita Luísa Júlia Duarte, sem retorno efetivo.

UPA: negligência, falta de profissionais e estrutura precária

A situação da UPA foi apontada como a mais grave. Jéssica narrou o caso do tio, vítima de AVC e fibrilação atrial, que foi classificado como “não urgente”, só recebendo atenção após a divulgação de vídeos nas redes sociais.

Ela relatou falta de suporte, prontuários incompletos e insuficiência de profissionais.

“É um único profissional para cobrir as alas amarela e vermelha”, disse, revelando que precisou socorrer um paciente para evitar broncoaspiração.

Apesar de o sistema registrar 32 médicos ativos, a realidade descrita é de ausência de pessoal, más condições de trabalho e precariedade no atendimento. O vereador Lúcio Carlos confirmou as denúncias, citando falta de oxigênio, luvas, baixos salários e estrutura deficiente.

Câmara promete cobrar, mas ação imediata é urgente


As denúncias receberam apoio de vereadores, que se comprometeram a encaminhar as reclamações à Secretaria de Saúde e cobrar providências do Executivo. Para o vereador Helenildo Neto, a saúde municipal “está brincando com a vida das pessoas”. Lúcio Carlos disse que o tema levado a sessão foi relevante e que já havia relatado alguns do casos mencionados em sessões anteriores.

A crise, classificada como humanitária, exige resposta imediata da gestão e fiscalização dos órgãos competentes. A população é incentivada a denunciar irregularidades ao Ministério Público Estadual e ao Ministério Público Federal, para que o direito à saúde em Palmeira dos Índios seja garantido — e não tratado como privilégio.